sábado, 3 de novembro de 2012

Desacerto





Fotografei-te o olhar
cambaleante,
a baloiçar nas pálpebras
envergonhadas.
Atirei-te o meu amor,
já tão errante,
feito de veredas
magoadas.



Eu pude ver o mundo
em ti vazado,
ao longo
desse teu longo olhar.
E eu cabia inteira
em cada córnea.
Era a terra profanada
a levitar .

Mas o chão ficou pesado,
eu cansada.
Quis quebrar o meu feitiço,
ver-te com calma,
fotografar-te o olhar
por trás da alma…
A imagem saía sempre
desfocada.



Maria da Fonte
Imagem da internet

7 comentários:

  1. Há fotografias que são mesmo difíceis de tirar...

    Um bom domingo, beijos

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  2. As mãos por vezes tremem quando se trata de fotografar a alma no olhar...
    Excelente poema, como sempre.
    Querida amiga, tem uma boa semana.
    Beijo.

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  3. Olhares e olhar
    E a leitura ou leituras desses vazios, tão distantes de alcançar!
    Belíssimo Man.
    Sempre disse que tinha um estilo inconfundivel.
    Mui bjis

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  4. Boa noite Maria, que inspiração! Lindissimo poema. O amor, o sentimento maior tantas vezes suspenso num olhar...Bjs e boa semana. Ailime

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  5. Pode a imagem sair desfocada, mas as palavras jorram belas e acertadas.
    beijinho

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  6. Maravilhoso e tocante poema Maria! Senti no fundo do coração! Um beijo!

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