O maquinista deu sinal, vai partir.
E tu perdido no rebuliço da cidade.
Há quantas horas te espero?
Vou subir, na certeza, porém,
De que, sem ti, a viagem perde a cor
E a agilidade.
Que bom!
Atrasado, mas chegaste.
Senta-te aqui. As palavras são pequenas,
A carruagem é de segunda, tu sabias,
Mas a paisagem não tem número, é sempre a mesma.
Olha, lá longe, a cor do horizonte,
Como se fosse o céu da tua rua.
E pode ser,
Tu sabes, pode ser…
A verdade é o sonho que flutua
No querer de quem sabe e de quem quer.
Despe as árvores, as pedras, os caminhos.
Apaga o mundo e pinta novamente.
Pode ser como queiras,
Pode ser…
Com outro céu, outra terra e outra gente.
Dá- me um lápis da cor da igualdade
E eu ajudo-te a pintar esta ilusão:
As viagens entre o sonho e a verdade,
Como se fossem as linhas da nossa mão.
Maria da Fonte
Ilustração de Robert Steele