domingo, 18 de dezembro de 2016

O Natal começa todos os dias amanhã


Leva com ele o irmão mais novo. Sobe num passo apressado. Talvez todo o tempo do mundo não chegasse para mostrar o Natal do outro lado.
Ao cimo da montanha, olha de frente os homens mascarados de soldados. Entre o silêncio das coisas transparentes, jura ter visto ao longe os três reis magos. E, como se quisesse acompanhá-los, estende-se entre os ramos de medronhos. Um clarão no céu abre a janela. Em cada bomba, uma rajada de sonhos...

Os dedos dos meninos seguram cânticos, a lua pousa serena lá no céu,
pela encosta a vida num ir lento.

A noite é o irmão mais velho que partiu.


Maria da Fonte

2 comentários:

  1. "Os dedos dos meninos seguram cânticos ..."
    É talvez a melhor forma de combate, a poesia que fere e eleva.
    Parabéns. Já tinha curiosidade por conhecer o teu blogue.
    Beijo.

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  2. A vida correndo íngreme e solta no leito da poesia. Tocante! =D
    bjo de luz
    L.L.

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