sexta-feira, 17 de fevereiro de 2017

Há um comércio de sonhos na minha escola


Há um comércio de sonhos na minha escola.
Daí, nada de novo a assinalar.
Nascemos com esta veia rasgada
para o negócio, e , ainda que os homens sejam feitos de vento,
as palavras saem da alma de cada um sempre de rosto lavado.

Apinham-se vultos no átrio. Fazem-se saldos nos dedos.
Há euforia nas salas. A última feira do ano.

Andávamos tão cansados de silêncios.
Não me ocorre que alguém me tenha dito que viria.
Talvez descuido. Talvez, lá onde o mundo nos livra do seu peso,
a mercadoria seja outra.
Os homens só têm um dia por ano para estas extravagâncias.

Houvesse tempo para eu lhes falar da composição de
cada artigo, e decerto não voltariam mais às grandes superfícies.

De quantas escolhas degoladas é feito
o corredor que atravesso?

Maria da Fonte
Imagem da internet

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